terça-feira, 21 de julho de 2009

Uma Suposta Guerra

Luz estava em uma situação difícil. Ana Beatriz havia descoberto a sua existência no sótão, e as duas estavam muito confusas, não sabiam o que fazer ou dizer.
- Quem é você? – disse Ana. – E o que faz aqui neste quarto?
- Ora, aqui é a minha casa! – disse Luz, com medo. – Eu é que pergunto quem é você!
- Sou Ana Beatriz, muito prazer. Você vive aqui?
- Oi, sou Luz. Sim, eu moro aqui. Por quê?
- Mora sozinha?
- Com a minha mãe...
- Sua m-mãe?!
- Sim, qual é o problema?
- É a Justina?
- É, ela vem cuidar de mim sempre, mas tem de trabalhar...
- Essa não! Então era esse o segredo! Justina tem uma filha que vive no sótão!
- O que disse?
- Ah, nada, querida. Há quanto tempo você vive aqui?
- Desde que me entendo por gente. Mas por quê faz tantas perguntas? De onde você conhece a minha mãe, afinal?
- Ora, a Justina trabalha aqui, na fundação, onde eu moro! Eu e os órfãos...
- Fundação? Órfãos? Do quê você tá falando?
- Ora, este quarto fica dentro da fundação! Você nunca saiu daqui?
- Só quando a minha mãe me leva para o hospital.
- Mas você não tem amigos? Não vai à escola?
- Não. Eu até gostaria de ir. Mas lá fora é muito perigoso.
- Que bobagem! Deveria sair! Sentir o ar puro, a liberdade, o sol, o céu... Aqui dentro você fica muito presa...
- Obrigada, mas prefiro ficar aqui. Mamãe me proíbe de sair. Na verdade, você não nem podia entrar aqui, e nem eu falar com estranhos!
- Ora, não sou uma estranha. Moramos praticamente no mesmo lugar! E eu pensava que sabia tudo sobre as pessoas... nunca imaginaria que você vivia aqui e que era filha de alguém como a Tina...
- Como assim?
- É que eu cheguei na fundação por acaso, há algum tempo. Não tenho família, não lembro de nada que me aconteceu antes, mas por alguma razão eu conhecia cada um dos habitantes do orfanato. Mas você, eu não fazia idéia! Tem certeza de que não quer vir comigo lá fora?
- Tenho! Mamãe não vai gostar! Ela me disse para ficar aqui!
- Coitadinha... não faz idéia de que tipo de pessoa Justina é. E a megera ainda mantêm a pobrezinha presa aqui... – pensou Ana.
- Bem, acho melhor você ir, Ana.
- Antes eu quero que você conheça alguém, Luz!
Então, Ana Beatriz levou Leca para o sótão e o apresentou para Luz.
- Ah, então esse era o segredo! Nunca pude imaginar que a Justina tivesse uma filha! E ontem eu achava que fosse um fantasma... – falou ele.
- Que nada, Leca! – disse Ana. – A Luz é muito doce e meiga! Não dá pra confundir com fantasma nenhum...
- Mas, Luz, por quê afinal você tem tanto medo de sair?
- Por causa da Guerra, ora! – disse Luz.
- Que Guerra?! – disseram Ana e Leca, confusos.
E agora? Será que Luz descobrirá a verdade?

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