Além de um Espelho

Luz se parecia muito confusa em relação a todas as perguntas de Ana e Leca.
- Ora, a guerra que acontece lá fora! Mamãe me falou que tem até bombas – exclamou Luz.
- Luz, você só pode estar delirando, não há guerras nenhuma, nós vivemos lá fora, junto com todos os órfãos, e nosso bairro é muito tranqüilo por sinal... – falou Ana.
- Mas minha mãe não mentiria pra mim! Eu sei disso!
Ana se sentiu mal no momento, como se uma pontada atingisse seu coração, e uma imagem ofuscada veio em sua mente:
Era Tina e Bartolomé com duas crianças, uma de colo, e a outra tinha aparentemente uns 9 ou 10 anos, Tina deixava a criança mais velha correr chorando, enquanto ela própria saia da vista de Bartolomé com a criança menor, com uma certa dor no coração.
- Está tudo bem, Ana? – falou Leca.
- Sim, agora sim, meu amor.
- Amor? – falou Luz.
- É, amor ué, nós somos meio que namorados... – explicou Leca.
- Entendi, e aonde eu encontro um pouco disso pra mim?
- Disso o quê?
- De Amor, ora bolas!
- Amor se sente querida, se sente. – falou Ana. - E é o que aparentemente sua mãe sente por você, apesar de tudo. Venha com a gente Luz...
- Eu não posso, mamãe ficaria magoada.
- Mas Luz, você vai ver o sol, as plantas, sentir o vento, fazer amigos, brincar, dançar, cantar, e o mais importante, sorrir!
Então Luz concordou e passou pelo túnel, e chegou ao espelho, Ana segurou a mão de Luz, e a puxou para o mundo real.
- Aqui estamos...
Luz deu alguns passos e encontrou o sol, e algumas árvores, e se encantou com um pássaro que habitava a praça.
- Mas que ser mais bonito! – exclamou - Obrigada por me trazerem aqui, é tudo tão novo!
Enquanto isso, Tina chegou à cozinha da mansão, e encontro Céu que estava cortando algumas verduras pro almoço.
- Céu Mágico! – gritou.
- AH! - gritou – Sim senhora, senhora. – falou fingindo marchar.
- Sem gracinhas Céu Mágico! Você viu uma pequena chave branca? – perguntou.
No mesmo momento, a chave do espelho caia do bolso de Tina, a mesma chave branca.
- Bem, acabei de achar. – falou Céu.
Tina foi correndo até o sótão, para que pudesse fechar o espelho antes que alguém visse o que não devia.
No caminho, se deparou com Luz, brincando na fonte.
- LUZ! OH MEU DEUS, NÃO! – gritou.