quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Confusões & Descobertas

(Por Jazmín)

Lembro-me bem da primeira vez em que minha querida e linda mãe me contou a história dos ciganos, lembro-me mais de olhar para seus cabelos ruivos e ficar maravilhando os fios cor de fogo, mas sei muito bem quem sou eu.
Principalmente os ciganos se caracterizam por serem nômades, ou seja, não parar quieto, em um português bem claro.
Mas penso, será que eu nunca vou deixar de ser nômade? Passei por diversos reformatórios, pela fundação e agora por esse Clube Escola de Férias Gigantescas, será que não vou parar nunca?
Não nesse sentido, mas quem não parou literalmente, foi Mar.
- Fila, crianças, fila! - falava Nico.
- Tá tudo bem, mãe! - falava Mar, andando. - Eu sei que sou alérgica, mãe, trouxe meu repelente e...
Enquanto Mar andava, ela falava, só que estabanada do jeito que ela é, não consegue fazer as coisas ao mesmo tempo. Caiu da escada do ônibus em um único passo, mas o mais estranho, foi que eu não ouvi barulho e nem um grito. Tirando o da mãe dela, que gritava estridentemente no celular, que estava na mão de um menino. Lindo menino por sinal, e que carregava Mar no colo.
- Mar, está tudo bem? - perguntei, enquanto ela descia dos braços do "senhor" bonitão.
- Hã? Ah, tudo maravilhoso. - falava ela, sem tirar os olhos dele, e sem querer largar de sua mão.
Thiago saíra correndo do fundo do ônibus e se deparou com Mar encantado com o tal menino.
- Mar? Tá tudo bem? - falou ele a abraçando, enquanto ela apenas olhava o menino.
- Mar? Maaaar? ACORDA MARIANELLA! – gritou ele.
- Hã? Oi? Ah! Oi, meu amor. – ela disse, ainda fitando os olhos do menino, que demontrava uma certa confusão no olhar.
- Seu celular, Marinella. – falou o menino confuso.
- Marianella, Mar, eu sou, Mar, eu, aqui, Mar, eu. – falou ela, parecendo, a meu ver, uma bêbada desvairada.
Depois do pequeno incidente, nós andamos com a bagagem por todos os lugares possíveis e imagináveis, era um lugar grande, com estilo de chácara, e com uma praia a poucos 20 metros da porta de entrada do alojamento.
- Rama, você não disse que aqui não teria praia? - perguntei, confusa.
- Ah, cigana, isso esta me confundindo também.
- CIGANA? Alguém me chamou? - falou uma senhora, ela era ruiva, e aparentava ter lá seus quase 50 anos, usava uma saia feita com panos coloridos, uma alva bata na altura dos ombros, e dezenas de centenas de colares.
- Não, ele estava falando comigo! – falei. – Sou cigana... também.
- Cigana de calças jeans? – perguntou a mulher.
Eu ri, e ela também.
- Prazer, me chamo Persa, mas me chame de Pepê, se quiser. – falou a senhora.
- Prazer Persa, eu sou Jazmín, me chame de Jaz - sorri.
Persa, um típico nome cigano das Américas, os olhos cor de mel daquela mulher não me enganaram, ela sabia de muito, até do que não deveria.

Música: Reina Gitana – Eugenia Suarez

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