terça-feira, 5 de maio de 2009

O Novo Órfão na Fundação

Thiago estava firme em sua decisão. Ele queria viver como um órfão na fundação, mas não contava com as conseqüências que iria suportar ao fazer esta importante escolha. Logo, Barto deu a ordem a Justina, que tratou rápido de providenciar o uniforme e todas as coisas que o garoto ia precisar para ser como um dos meninos da fundação.
Enquanto isso, Céu e Aleli brincavam no jardim da mansão.
- Céu, o que fazia no circo? – perguntou a menina.
- Bem, eu cantava, dançava, fazia truques e números de acrobacia... – disse Céu, recordando seu passado.
- Podia fazer algum número para mim?
- Claro, com muito prazer! Tenho a roupa e o material no meu quarto. Vamos lá pegar.
Céu e Aleli foram correndo buscar o que precisavam, enquanto Nico e Mogli passeavam por lá.
- Mogli, preciso lhe contar algumas coisas. Nem Cris nem Malvina podem saber. – disse o arqueólogo.
- O quê foi? Resolveu desmanchar o noivado? – disse Mogli.
- É sobre isso. Sabe, Malvina não parece ser a mesma. Quando eu a conheci, parecia que era a mulher da minha vida. Mas agora, é tudo muito diferente. Sinto isso desde aquele baile de noivado. Quando dançamos, era maravilhosa. Depois, era outra pessoa de tão diferente.
- Nossa. Pra mim, me pareceu a mesma pessoa...
- É porque você não viu nos olhos dela. No baile, eram doces, penetrantes, apaixonantes.
- E depois?
- Depois que a vi sem a máscara, era como se fosse ninguém. Seus olhos não passavam a mesma energia. Isso é muito estranho.
Na mansão, Justina foi até Thiago e lhe deu o uniforme. Depois de vesti-lo, o garoto estava pronto para se mudar. Barto chamou todos os órfãos e Céu (que interrompeu sua brincadeira com Aleli) para o momento. Ele fez um longo discurso e apresentou seu filho como um órfão novato da fundação. Todos ficaram um pouco chocados, inclusive Mar, que desconfiou da atitude de Barto.
- Pronto, pai. Já coloquei o uniforme como você quis. Agora posso pegar minhas coisas no quarto? – disse Thiago.
- Há há há! Ouviu isso, Tina? O órfãozinho novato pensa que ainda tem quarto e pertences? – disse Barto.
- O quê? Quer dizer que eu não tenho direito às minhas coisas mais?
- Mas é claro que não! Ou pensou que essa sua decisão não ia ter conseqüências? Pensa que um desses pobres órfãos teve direitos a pegar suas coisas? Não! Todos eles são pobres e necessitados! Assim como você também é agora!
- Tudo bem... Eu abro mão dos meus bens materiais. – o garoto estava revoltado.
- Que bom que compreendeu, meu ex-herdeiro...
Barto e Tina saíram, rindo e fazendo planos para fazer Thiago voltar atrás.
Mar conversou com Thiago sobre o que aconteceu e ela o aconselhou a não abrir mão de suas coisas só pelos órfãos.
- Você não acha que é já demais? Abriu mão de tudo por nós?
- Acalme-se. Vou suportar tudo isso assim como vocês suportam!
- Você fala como se fosse simples e fácil ser órfão, não é? Você agüenta porque sabe que não é um! Isso é só uma farsa! Mas nós somos órfãos de verdade! Sentimos a dor bem perto! Como gostaríamos de ter um pai, uma casa assim só para nós, estudar em um internato, tudo! E você desperdiça! Se eu fosse você, mesmo tendo um pai como Bartolomé, nunca me passaria pela cabeça de fazer uma loucura dessas!
- Então é isso que eu ganho por tentar fazer parte da banda e estar perto de vocês?
- Tudo bem, me desculpe. Acho que exagerei. Mas tem de entender que ser órfão não é aquela maravilha que mostram nas novelas ou nos filmes. É uma dura realidade! E espero que você saiba disso antes que venha a se arrepender mais tarde.
Depois, Céu e Aleli voltaram ao que estavam fazendo. A bailarina pegou um enorme lenço e pendurou no teto do salão, que era bem grande.
- Lindo, Céu! Agora pode me mostrar como você fazia? – disse Aleli, animada.
- Claro! Essa é pra você! Coloque a música, por favor. – disse a bailarina.
A menina ligou o som, pois Céu gostava de se apresentar ouvindo alguma canção. Se ouvia “Valiente”, sua favorita.
Reconhecendo a música, Nico seguiu o som até o salão, onde encontrou uma belíssima cena: Céu fazendo acrobacias, pendurada no grande lenço amarelo. Ele gritou o nome dela, que, ao vê-lo, se assustou e caiu. Porém, Nico correu e impediu sua queda. Aí estava Céu, apoiada em Nico, e os dois se olhavam novamente.

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