terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Desabrochar dos Anjos

(Por Marianella)

Poderia ser um dia de primavera qualquer, senão fossem as flores do jardim que desabrochavam sem ânimo, eu sentiria falta daquele orfanato durante as férias de um ano, ou talvez mais, mas posso lhes dizer que Nico nunca havia tido idéia mais brilhante. Meu único medo é ser uma órfã qualquer, e não Marianella Rinaldi.
Thiago me acordou cedo naquela manhã, para que pudéssemos nos despedir de todos os lugares do nosso orfanato, onde vivemos os momentos mais emocionantes e mágicos de nossas vidas, mas parecia que ele leu meus olhos, quando me fitou carinhosamente querendo uma explicação para tanta alegria e tristeza misturada.
- É a primavera, espero que nossas flores se desabrochem, e tragam novas esperanças, e uma vida melhor. – falei.
E era o que eu esperava, esperava coisas boas, coisas novas, novos amigos e novas alegrias, mas não tantas mudanças que viriam por ai.
- Todos prontos? – gritou Malvina, animada.
Apesar de Malvina ter ficado um amor, não existe possibilidade de ela substituir o lugar de Céu em meu jardim, logo que Céu sumiu, ou melhor, foi para o outro plano, estávamos confiando em Malvy mais do que nunca, e ela estava se tornando nosso anjo protetor.
- Sim! – falou Ana Beatriz animada, nos intervalos de beijos com Leca.
Quem diria que anjos poderiam se amar.
Entramos todos naquele ônibus amarelo, típico de uma escola americana, e me sentei ao lado de Jaz.
- Te conheço a muito tempo Mar, o quê você tem? – falou a Cigana.
- Sentirei saudades daqui, apesar de tudo. – falei.
Logo percebi que algo me chutava, e era Tefi, minha irmã mais que defeituosa, mas o que eu podia fazer? Nem Anjos são perfeitos.
- Ligue para mamãe, ela pediu que ligasse.
Minha mãe, eu havia me esquecido dela, e ela realmente pediu que ligássemos quando fossemos sair da Fundação, ela prometera nos visitar no Clube, mas não achava provável, e eu ainda imaginava a minha vida com ela, e sem esses meninos, o que seria de mim? Eu não sei, estou feliz sendo uma flor que precisou ser regada para crescer, e não uma flor de plástico que seria com a minha mãe.
- Mamãe, aqui é a Mar. – falei.
- E a Tefi. – completou Tefi.
- Estamos ligando para falar que estamos saindo da Fundação, nos ligue quando você chegar do trabalho, eu estou com muitas saudades, beijinhos. – falei para a caixa postal.
- Esquecemos do fuso horário. - falei.
Percebi que Vale e Ana cochichavam algo, é claro que seriam sobre as novelas que Vale estava escrevendo desde que descobrimos sobre o tal portal e seu novo dom, ela não parou de ter idéias novas.
Não demorou muito tempo pelo que percebi, para Nico começar a cantar nossa música preferida, Un Paso.
Mas eu nunca havia percebido, que a musica falava sobre o que estávamos passando, estávamos dando um passo para a vida.
Ah, nós estamos...

(Música: As Cores - Cine)

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