terça-feira, 31 de março de 2009

A Farsa Está Acabada

Céu viu Nico e parou de cantar.
- Oh! Não sabia que você estava vendo. Me desculpe, com licença. – disse ela, saindo de lá.
- Não vá! Fique. Estava se saindo muito bem com o Cristobal. Parabéns pela linda voz! – disse Nicolas, olhando em seus olhos.
- Ah, não foi nada. Gentileza sua. O que importa é que seu filho está bem.
- Sim, claro. Obrigado por achá-lo.
- Bem, eu já vou, pois acho que é melhor você e Cristobal conversarem à sós.
Céu foi embora e Nico começava a perceber que ela tinha algo familiar no olhar, mas não sabe de onde. Enquanto isso, no escritório, Justina fazia um relatório dos acontecimentos da fundação para Bartolomé.
- Você cuidou da novata encrenqueira? – perguntou ele.
- Sim, senhor. Acredito que ela já aprendeu que não há felicidade aqui se não for de acordo com as regras! – respondeu ela.
- Ótimo, Tina. Algo a mais?
- Bem, tem algo que gostaria que o senhor soubesse. Não sei se posso afirmar ainda, pois não tenho provas. É sobre seu filho.
- O quê tem meu filho? O que houve com ele?
- Desconfio que ele anda rondando a área dos órfãos. Ele tem uma “amizade” lá, eu acho.
- Como? Meu filho com aqueles órfãos? Não suportaria!
- É isso que me preocupa. E o pior é que esta “amizade” que falei pode ser a garota nova.
- O quê? Me explique melhor isto, Tina.
- Quando ele chegou de Londres, antes de entrar na mansão, eu o vi conversando na fonte com Marianella.
- Mas isso é impossível! Não pode ser! – Barto bate a mão na mesa, cheio de raiva – Não posso deixar que meu filho se junte com ela!
- E o quê pensa em fazer, senhor?
- Vou fazer de tudo para mandá-lo de volta a Londres! E já! Algo a mais que queira falar, Justina? Quem era aquela moça que estava aqui com você?
- Oh, não! Era a candidata ao cargo de empregada! Eu estava fazendo a entrevista de emprego com ela quando o senhor me pediu para castigar a menina nova! A moça deve ter ido embora!
- E você deixou ela escapar, imprestável? Cale-se! Sabe como é difícil encontrar alguém para trabalhar aqui, na fundação?
- Desculpe, senhor. Creio que agora temos que procurar outra pessoa para o serviço.
Neste momento, Céu abre a porta e entra no escritório.
- Não precisam procurar outra pessoa. A nova empregada da fundação está aqui. – disse Céu, decidida.
Enquanto isso, Mar conversava com os órfãos. Eles fizeram amizade com ela e percebiam que podiam confiar na novata.
- Mas afinal, porque vocês saem todos os dias para a rua? Vão pedir esmola, por acaso? – questionava Mar.
- Bem, acho que podemos contar para ela o que há por trás da fundação. Logo ela ia saber mesmo... – dizia Leca para os demais.
- Tudo bem. Vamos contar para você tudo, para que saiba como será sua vida daqui em diante. – disse Tacho.
- Nossa! O quê pode ser tão secreto assim, para que todos escondam? O quê vocês fazem na rua? – perguntou Mar.
- Tacho, diga você. – disse Rama.
- Roubamos. – disse Tacho, como se estivesse arrancando algo de dentro de si.
- O quê? Roubam para ele? – disse Mar, indignada, referindo-se à Bartolomé.
- E para nós também, além de ser o nosso sustento, conseguimos muitas coisas. – completou Rama.
- Gostaríamos de ser pessoas normais. Mas não há outra solução. – disse Leca.
- Não pense que gostamos de roubar, pois não gostamos. É a nossa vida, infelizmente. – disse Rama.
- E eu pensava que minha vida pudesse melhorar depois de sair daquele reformatório. Boa ilusão. – lamentou Mar.
Na mansão, Aleli procurava Nico para lhe explicar tudo que ficou pendente.
- Senhor Bauer, por favor! Me ouve, tem uma coisa que quero te falar. É urgente. – gritava ela, implorando sua atenção.
- Tudo bem, pode falar. O quê foi? – disse ele.
- Céu não roubou sua carteira! Fui eu que roubei!
- Ora, não diga bobagens. Você já me falou isso e não vou acreditar. Aprenda: não tente assumir uma culpa que não é sua!
- Sim, já falei. Mas fui interrompida da outra vez. Agora, o senhor tem de acreditar! Na praça, eu peguei a carteira do seu bolso, aí a Céu pegou da minha mão para fazer com que eu devolvesse para você. Ela não roubou! O senhor Barto nos mandou pegar... – mas antes que terminasse, a menina foi interrompida por Nico.
- Espere um pouco! Está dizendo que você e os outros roubam as pessoas na rua? É isso?
- Bem, acho que falei demais. Preciso voltar para o quarto! – Aleli sai correndo e Nico fica confuso, sem saber o que fazer.
No quarto, os órfãos continuavam contando suas histórias para Mar. Céu, após ser contratada, foi saber como eles estavam e conhecê-los. Mas parou na porta para ouvir a conversa deles.
- Não é possível que nós continuemos a viver aqui nesta condição! Vocês não podem continuar a roubar a mando daquele Bartolomé! – disse Mar, com um discurso para incentivar os outros a se rebelarem. Céu ouviu o que ela disse e se surpreendeu.
- Roubar?! – disse ela baixinho, ouvindo atrás da porta.
Céu e Nicolas se encontravam em uma grave situação, começando a desconfiar do que haveria por trás da fundação.

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